Antes do filme, a revoluçãoo caso do Jornal Cinematográfico Nacional (1975-1977)

Resum

A investigação que aqui se apresenta tem como objeto o Jornal Cinematográfico Nacional , um noticiário de atualidades produzido entre 1975 e 1977, os anos que se seguiram à revolução portuguesa de 25 de Abril. O seu propósito central é compreender como este jornal filmado testemunhou os acontecimentos de um período tão significativo da história recente de Portugal e, simultaneamente, que conceção deste tipo de filmes constitui. Os media, e os papéis que desempenharam na Revolução dos Cravos, têm sido um objeto de estudo crescente, com análises cada vez mais variadas e completas do período revolucionário e pós-revolucionário: a abolição do exame prévio, e sua substituição por outros mecanismos de controlo, os confrontos ideológicos no seio dos órgãos de informação, e a criação de novos títulos, a abertura a novos temas, e, no geral, uma informação marcada pela militância, ação e participação política e partidária são alguns dos aspetos abordados. No plano cinematográfico, a análise dá conta de um cinema posto ao serviço da revolução, nas suas formas criativa e de produção. Considerando estas perspetivas, o que as imagens e os sons da revolução de Abril nos oferecem, como suporte para a memória de um tempo fundador da democracia portuguesa, é de uma riqueza incontestável. Exemplo único de produção de atualidades, por todas as suas circunstâncias e vicissitudes, o Jornal Cinematográfico Nacional nunca foi, até ao momento, tema central de investigação. Encaramo-lo, neste sentido, como um caso de estudo, no tratamento do qual combinamos diferentes aportes metodológicos. A análise das suas edições é complementada com pesquisa documental e com dados recolhidos junto de profissionais que integraram a sua estrutura. Com este estudo, esperamos contribuir para uma consideração das atualidades cinematográficas na história e na memória audiovisual portuguesa. E para uma discussão mais ampla sobre os media, onde incluímos as plataformas web e as redes sociais, como instrumentos para a divulgação e compreensão crítica do valor deste património audiovisual.